06 fevereiro, 2012

O calvinismo no Brasil

    
O Calvinismo


    O Calvinismo pressupõe que o poder de Deus tem um alcance total de atividade e resulta da convicção de que Deus trabalha em todos os domínios da existência, incluindo o espiritual, físico, intelectual, quer seja secular ou sagrado, público ou privado, no céu ou na terra. De acordo com este ponto de vista, qualquer ocorrência é o resultado do plano de Deus, que é o criador, preservador, e governador de todas as coisas, sem excepção, e que é a causa última de tudo. As atividades seculares não são colocadas abaixo da prática religiosa. Pelo contrário, Deus está tão presente no trabalho de cavar a terra como na prática de ir ao culto. Para o cristão calvinista, toda a sua vida é um culto a Deus.
    De acordo com o princípio da Predestinação (Efésios 1:4,5 ; Romanos 9:11-24 e Apocalipse 17:8 - grifo meu - ) , por causa de seus pecados,o homem perdeu as regalias que possuía (depravação total - grifo meu - ) e distanciou-se de Deus. O homem é considerado "morto" para as coisas de Deus e é dominado por uma indisposição para servir a Deus.
    Só havia, então, uma maneira de resolver esse problema: o próprio Deus reatando os laços. Deus então, segundo a doutrina da predestinação, escolheu alguns dos seres humanos caídos para salvar da pecaminosidade e restaurar para a comunhão com ele. Deus teria tomado esta decisão antes da criação do Universo. Mas é claro que não é por causa de quaisquer boas ações que eles foram escolhidos: "porque pela graça sois salvos,mediante a fé, e isso não vem de vós;é dom de Deus; não vem de obras, para que ninguém se glorie".(Efésios 2:8,9) Os cinco pontos do calvinismo (conhecidos pelo acróstico TULIP, referente às iniciais dos pontos em inglês) são doutrinas básicas sobre a salvação, definidas pelo Sínodo de Dort.
São eles:
  • Predestinação da alma (ou Predestinação absoluta);
  • Eleição incondicional;
  • Expiação limitada;
  • Vocação eficaz (ou Graça Irresistível);
  • Perseverança dos santos.


    O Calvinismo no
       
      Brasil
    A França Antártica foi uma tentativa de colonização francesa no território brasileiro (na região do atual estado do Rio e Janeiro). Empreendido pelo vice-Almirante Nicolas Durand de villegaignon o projeto iniciou-se com a chegada das naus francesas em  1555 e durou até a expulsão definitiva em 1567.  "Esse empreendimento contou com o apoio do almirante Gaspard de Colegny  (†24-08-1572), influente estadista e futuro líder dos calvinistas franceses, os huguenotes."
     Em dado momento, em virtude de problemas morais e religiosos na tropa, Villegaignon escreveu cartas a Gaspard de Coligny e ao reformador frances João Calvino  "para que enviassem profissionais e religiosos para a novel colônia francesa".

Gaspard de Coligny

      Calvino, por meio da Igreja Reformada de Genebra." Respondeu afirmativamente, enviando um grupo de calvinistas franceses (conhecidos como huguenotes) sob a liderança dos pastores Pierre Richier e Guillaume Chartier.  Villegaignon encaminha uma outra carta, então, agradecendo o pronto atendimento: "acredito que não seja possível exprimir com palavras quanto me alegram suas cartas e os irmãos que com elas vieram".
     A expedição, com a presença dos huguenotes, chegou à Baía de Guanabara em 7 de março de 1555. Três dias depois, em 10 de março,  foi realizado o primeiro culto protestante nas Américas, oficiado pelo Rev. Pierre Richier. No domingo, 21 de março, houve a primeira celebração da ceia de Senhor sob o rito calvinista.

Representação da primeira Santa ceia no solo brasileiro ( Rio de Janeiro)

     Havia cultos em todos os dias da semana. Aos domingos, especialmente, as celebrações aconteciam pela manhã e à tarde. Em outros momentos da semana, havia reuniões de oração. Esta quantidade de serviços religiosos aponta para a importância da delegação calvinista em meio à tropa.
     Conforme se estruturava o serviço religioso no Forte Coligny, os pastores huguenotes se sentiam à vontade para exercer um trabalho missionário, alcançando os índios do continente. "Realizaram várias visitas às tabas litorâneas dos índios tamoios em Cotina, Ocarantim, entre outras. Os missionários, muitas vezes, permaneciam semanas inteiras percorrendo os aldeamentos e lhes falando do Cristianismo por meio de intérpretes".
     Tanto nas solicitações encaminhadas a Coligny e Calvino quanto na própria recepção aos huguenotes, as reações de Villegaignon sempre foram as mais positivas possíveis. Segundo o colono Jean de Léry ,  testemunha ocular, ao chegarem os huguenotes, Villegaignon "os recebeu todo risonho, abraçando a todos". Quando da primeira celebração eucarística, ele foi o primeiro a comungar, professando, assim, diante de todos, a sua fé reformada".Osvaldo Rack apresenta uma viva descrição, com base no texto de Léry, da participação de Villegaignon num dos cultos:
     Este espírito de paz e tolerância, no entanto, não durou muito. Em virtude de questões teológicas (que reproduziam as guerras religiosas que grassavam na Europa), Villegaignon passou a perseguir os colonos huguenotes. Um personagem importante desta mudança de atitude foi o ex-frade dominicano Jean de Cointac. Para ele, "a participação sacramental da Ceia não devia obrigar a pessoa a ser cristã de confissão calvinista, e, por outro lado, dizia ele que o sacramento do batismo devia seguir o rito católico romano". Grupos de opiniões distintas passaram, então, a se confrontar. Villegaignon deixara de lado suas novas convicções calvinistas, pois, numa carta à Igreja Reformada de Genebra, assim se refere às doutrinas dos huguenotes: "esses delírios [a doutrina de Chartier] nos agitavam turbas enormes e quanto mais cuidadosamente se discutia, mais aparecia a vacuidade da doutrina" ". A conseqüência foi, primeiro, a proibição dos cultos dos calvinistas, depois suas reuniões de oração e, por fim, a sua expulsão do Forte Coligny 
     Em virtude da expulsão, os calvinistas franceses entraram em contato direto com os  tupinanbás. Entre os expulsos estava o sapateiro Jean de léry que, mais tarde, descreveria suas experiências em seu livro Histoire d'un voyage faict en la terre du Brésil.  (1578).
     Com a passagem de um navio que seguiria para França (o Les Jacques), os colonos expulsos resolveram retornar seu país. "Mesmo não se opondo ao embarque, Villegaignon enviou instruções secretas para serem entregues ao primeiro juiz em França, dizendo para que se executassem os huguenotes como traidores e hereges." No entanto, estas instruções acabaram não servindo diretamente para alguns dos colonos, pois, ao perceber o risco de naufrágio, cinco deles – Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon, Jacques le Balleur   – voltaram à terra firme. Villegaignon os aprisionou imediatamente e exigiu uma resposta, por escrito, em doze horas, a uma série de questionamentos teológicos. Os huguenotes presos ofereceram a resposta por meio da redação de um documento conhecido como confissão de fé da Guanabara.
     Como os colonos reformados recusaram-se a abjurar suas convicções religiosas, Villegaignon os condenou a morte. "Bourdel, Verneuil e Bourdon foram estrangulados e lançados ao mar. André Lafon, sendo o único alfaiate da colônia, teve a vida poupada sob a condição de que não divulgasse as suas idéias religiosas".  O único que conseguiu fugir foi Jacques Le Balleur.
     Le Balleur chegou a São Vicente, onde pregou a fé cristã a partir do ponto de vista calvinista. Foi detido, por insistência dos jesuítas  e levado a Salvador  então capital da colônia, ficando preso entre os anos de 1559  e 1567. Por fim, foi levado para o recém fundado Rio de Janeiro e, sob as ordens do governador geral Mem de Sá,  condenado à forca. O carrasco no entanto, recusou-se a executá-lo. Diante disso, o padre jesuíta José de Anchieta o teria estrangulado com suas próprias mãos. 
              
             Artigo obtido de várias fontes.

            "Assim diz o SENHOR: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele." (Jer 6:16) 
                 Gutemberg Castro   
              
           

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